Finding power in sex and words

The following story contains mature content and is recommended for audiences 16-years and older. The English version is translated from Portuguese – the original text is below.

I come from a very religious and traditional state in Brazil. I studied at a Catholic school, where I needed to pray a Hail Mary and an Our Father every day before classes. When I started masturbating, I was flooded with guilt.

I cried myself to sleep every timeI would “give in” and do it again. I tortured myself for it. I was sure I would be kicked out of the house, rejected by everyone, if they found out. It felt so much guilt that I couldn’t even bring myself to writing about it in my diary. I would masturbate, and then ask God for forgiveness.

It was like that for a while. I did not live in an extremely intolerant community, but machismo was very present. While the boys were having fun with the arrival of puberty, with the new discoveries, the girls were full of guilt; of doing the wrong thing, saying the wrong thing, giving the wrong impression.

It was very difficult for a while to make peace with my sexuality. Sex was a source of curiosity and fear; something that aroused my desire, but it was also dangerous, capable of defiling me. The more I got into adolescence, the more it became clear that my value as a person was very attached to my body.

At the same time, I was always a very sexual person. Full of desire to experiment, to live things, to feel new sensations. When I started to feel desire for other girls, I was filled with terror and confusion. Bisexuality was a cause for joke, and shame.

Slowly, I took over my body and my sexuality through words. It was by reading and writing erotica that I was able to work on the guilt and express my fantasies and desires. Reading about sex, I started to understand what I wanted, what I felt and what I liked. And since writing was always a way for me to express myself, naturally I started to write about it soon after.

Nowadays, sexuality is the theme of my life; my profession and my voice. I have a blog and a YouTube channel on sexual health and eroticism, I write erotic stories in English and Portuguese and I am editor-in-chief of an online erotic label. In addition, I also participate in a project with sex education friends about the anatomy of the clitoris.

For me, it is empowering to transform sex and talk about it frankly and constructively. I swore to be the woman I needed when I cried softly after the first orgasms – that woman who would naturalize female sexuality. It is not about how each individual person lives their sexuality privately, but rather a matter of taking back control. 

Our sexuality is used as a tool of oppression; talking about it openly is to take away from patriarchy the power to use our desires against us. And in meeting and talking with other women about these topics, my trajectory makes me feel a great sense of purpose.

Story by Ana Ornelas – https://pimentacitrica.com/Supportive comments are welcome.

Featured photo by Jessica Papini
Supportive comments are welcomed.

Encontrando o poder no sexo e nas palavras

A história a seguir contém conteúdo adulto e é recomendada para públicos de 16 anos ou mais.

Vim de um estado muito tradicional no Brasil. Estudei em uma escola católica onde precisava rezar uma ave-maria e um pai-nosso todos os dias antes das aulas. Quando eu comecei a me masturbar, tive muita culpa.

Eu chorava baixinho à noite toda vez que “cedia” e acontecia de novo. Me martirizava. Tinha certeza que seria expulsa de casa, rejeitada por todos, se descobrissem. A culpa era tanta que eu não tinha coragem nem de escrever sobre isso no meu diário. Eu me masturbava, e depois pedia perdão para Deus, chorando.

Foi assim por um tempo. Não vivia numa comunidade extremamente intolerante, mas o machismo era muito presente. Enquanto os meninos se divertiam com a chegada da puberdade, com as novas descobertas, as meninas viviam cheias de culpa; de fazer a coisa errada, falar a coisa errada, passar a impressão errada.

Foi muito difícil por um tempo fazer as pazes com a minha sexualidade. O sexo foi uma fonte de curiosidade e medo; algo que me despertava desejo, mas também era perigoso, capaz de me macular. Quanto mais eu ia entrando na adolescência, mais ficava claro que o meu valor enquanto pessoa estava muito ligado ao meu corpo.

Ao mesmo tempo, eu sempre fui uma pessoa muito sexual. Cheia de vontade de experimentar, de viver coisas, de sentir novas sensações. Quando eu comecei a sentir desejo por outras meninas, fiquei cheia de culpa e confusão. Bissexualidade era um motivo de piada, e de vergonha.

Lentamente, eu fui me apoderando do meu corpo e da minha sexualidade através das palavras. Foi lendo e escrevendo erótica que eu consegui trabalhar a culpa e dar vazão às minhas fantasias e desejos. 

Lendo sobre sexo, eu comecei a entender o que eu queria, o que eu sentia, e o que eu gostava. E como escrever sempre foi um meio para que eu me expressasse, naturalmente passei a escrever a respeito logo depois.

Hoje em dia, a sexualidade é o tema da minha vida; minha profissão e meu canal de expressão. Tenho um Blog e um canal do YouTube sobre saúde sexual e erotismo, escrevo contos eróticos em ingles e português e sou editora-chefe de um selo erótico online. Além disso, também participo de um projeto com amigas de educação sexual sobre a anatomia do clitóris.

Para mim é empoderador transformar o sexo e falar sobre ele de maneira franca e construtiva. Eu jurei ser a mulher que me faltou quando eu chorava baixinho depois dos primeiros orgasmos – aquela mulher que naturalizaria a sexualidade feminina. Não é uma questão de como cada uma vive sua sexualidade individualmente, mas sim uma questão de tomar o controle de volta. Nossa sexualidade é usada como ferramenta de opressão; falar sobre ela abertamente é tirar do patriarcado o poder de usar nossos desejos contra nós. E ao conhecer e conversar com outras mulheres sobre esses temas, a minha trajetória me faz sentir um grande senso de propósito.

Escrito por Ana Ornelas – https://pimentacitrica.com/Comentários de suporte são bem-vindos.